Homepage Curso Módulo 8
Módulo 8
Hereditariedade
Mas se nos exemplos acima a questão hereditária é irrelevante, fica a faltar outro tipo de mutações que também não podemos evitar - e onde a questão hereditária é determinante - as mutações hereditárias. Estas mutações são transmitidas de pais para filhos e são responsáveis por uma pequena percentagem - 5% a 10% - de todos os casos de cancro. Com uma percentagem tão baixa, não há margem para dúvidas: apesar do cancro ser uma doença genética, raramente é uma doença hereditária.
Veja-se o exemplo do cancro da mama que pode ser causado por uma mutação hereditária. Quando alguém tem uma mutação num gene chamado BRCA2 – e para saber essa informação teve de fazer um exame genético - tem maior probabilidade de ter cancro da mama, independentemente de levar uma vida muito saudável, sem exposição a factores de risco. A mutação pode ser transmitida aos filhos, que também passam a ter um risco aumentado de cancro da mama - porque herdaram a mutação. Estas pessoas têm de fazer uma vigilância mais apertada e devem ser acompanhadas numa consulta especializada de risco familiar.
- quem teve cancro na família: é fundamental saber o parentesco com a pessoa que teve cancro e saber de que lado da família é. Não faria sentido falar de uma mutação hereditária se foi o marido da irmã da nossa mãe que teve cancro, neste caso não há “ligação de sangue”. Já se fosse a irmã da nossa mãe - a nossa tia - seria importante registar essa informação. Devemos estar alerta para cancros que se repetem do mesmo lado da família, e quando são diagnosticados em familiares de 1º grau (pai, mãe, irmão ou filho).
- o tipo de cancro: se existem vários casos de cancro na família, mas são todos diferentes, é pouco provável que exista uma componente hereditária. Os cancros com origem hereditária mais frequentes são o da mama, o colorretal e o do estômago.
- com que idade foi diagnosticado: em média, os cancros hereditários ocorrem mais cedo que os restantes. Ter alguém na família com cancro antes dos 50 é motivo para falar com o médico de família. Ele saberá os critérios que justificam uma consulta de risco familiar.
Falta fazer uma ressalva: só porque há muitos cancros numa família, não é obrigatório que se trate de um cancro hereditário. Se numa família toda a gente fumar frequentemente, ou se forem todos obesos, é normal que vários familiares possam ter o mesmo cancro, não porque exista uma mutação hereditária na família, mas porque todos estão muito expostos aos mesmos factores de risco.
A primeira ideia a reter é que se por um lado o cancro é uma doença frequente – o que pode explicar que várias pessoas na mesma família tenham cancro, especialmente em famílias numerosas – os cancros com uma origem hereditária são bastante raros: cerca de 5 a 10% dos casos de cancro. Nesta pequena percentagem, onde existe uma mutação hereditária, caso esta seja transmitida de pais para filhos, a probabilidade de desenvolver um cancro é muito elevada. Para saberes se esta é uma possibilidade a ter em conta e se estás em risco, deves conhecer a tua história familiar de cancro. Analisa os casos de cancro na tua família e tenta descobrir: - quem teve cancro na família: identifica o parentesco e se é do lado materno ou do lado paterno. É importante estar atento quando os cancros se repetem do mesmo lado da família, e quando são diagnosticados em familiares de 1º grau (pai, mãe, irmão ou filho). - vários familiares com o mesmo tipo de cancro, ou com cancros diferentes associados à mesma alteração genética, do mesmo lado da família. Os cancros com origem hereditária mais frequentes são o da mama, o colorretal e o do estômago. - familiares diagnosticados com cancro numa idade jovem, ou seja, antes dos 50 anos. Se encontrares algum destes sinais, fala com o teu médico e informa-te sobre as consultas especializadas de risco familiar, paa que o teu risco (e dos teus familiares) seja avaliado, e que possas ter um acompanhamento especializado.
O cancro tem uma base genética – alterações no dna em regiões (genes) que controlam os processos celulares de divisão, diferenciação e morte. Apesar de frequentemente haver vários casos de cancro numa família, o cancro raramente é hereditário. Isto é, resulta mais frequentemente de fatores cancerígenos externos (agressões ambientais) do que de alterações nos genes herdadas dos pais. Com a exceção dos tumores hereditários em que a suscetibilidade genética é herdada, nos tumores esporádicos (90% dos casos), o aparecimento de um cancro é o resultado de um longo processo de acumulação de alterações genéticas provocadas por agressões ambientais em células já com instabilidade genética. Tornou-se atualmente claro que um estilo de vida baseado em comportamentos saudáveis pode reduzir muito a exposição aos fatores cancerígenos ambientais e consequentemente reduzir muito o risco de desenvolvimento de cancro.
Conhecer a história familiar de cancro
Ter um caso de cancro na família é sempre motivo de preocupação, tanto para o próprio como para os seus familiares. Mas não é preciso contratar um detetive privado para descobrir o risco de cada familiar, como no episódio deste módulo. Nesta atividade vais descobrir como construir e analisar a árvore genealógica da tua família e como analisar cada caso para perceber se há um verdadeiro risco de cancro hereditário.
Duração: 45 minutos de trabalho em aula
Como fazer?
1. Analisa cada uma das seguintes árvores genealógicas tendo em conta os seguintes critérios:
Árvore genealógica 1
Árvore genealógica 2
Árvore genealógica 3
2. Identifica se se tratam de casos hereditários de cancro e discute com os teus colegas as conclusões a que chegaste sobre cada uma das árvores genealógicas.
3. Constrói a árvore genealógica da tua família. Tenta descobrir informação sobre as últimas 4 gerações (incluindo a tua). Informa-te junto dos teus familiares sobre todos os casos de cancro na família e assinala-os na árvore genealógica que construíste. Utiliza a mesma simbologia utilizada nos exemplos.
4. Aplica os critérios indicados à árvore genealógica da tua família.