Antes faça mal que sobre?
SINOPSE
Num almoço de domingo da família Gonçalves não falta nada. Zezinha, a matriarca, exibe os seus dotes culinários para impressionar a convidada de honra, a futura nora. O que irá acontecer quando a nora descobrir que a comida dava para o dobro dos convidados?Em Portugal, um prato com pouca comida é um prato “mal servido”. Mas será que comer muito é comer bem? Quais as vantagens de não encher tanto o prato?
Comer está no centro das nossas vidas e não é só uma questão de sobrevivência, é um prazer que todos procuramos. Comer chega a ser um evento cultural, em especial no nosso país, onde há tradições gastronómicas para todos os gostos. E se a maioria das tradições deve ser preservada, há uma para repensar: o hábito de servir comida em exagero, como se um prato a transbordar fosse sinónimo de boas maneiras.
Encher o prato dos convidados pode ser uma questão de afeto, mas não devia – comer muito é um dos mais graves problemas de saúde pública. A seguir ao tabaco, o excesso de peso e a obesidade são os principais factores de risco externo para o cancro. Um peso descontrolado pode causar cancro da mama, colorretal, endométrio, esófago, rim, pâncreas, ovários, estômago, fígado, mieloma múltiplo, meningioma, tiróide, vesícula biliar, e ainda diabetes tipo 2, acidente vascular cerebral, asma, hipertensão arterial e enfarte do miocárdio. O problema complica-se com crianças, já que quando são obesas têm maior probabilidade de assim permanecer durante a vida adulta.
Todos os anos, morrem mais pessoas devido ao excesso de peso e à obesidade - cerca de 2,8 milhões - do que de acidentes de viação - aproximadamente 1,3 milhões. Para comer sem grandes riscos - tal como na segurança rodoviária - basta ter alguns limites. Na verdade, não existe nenhuma fórmula mágica, a regulação do peso é um processo complexo que ainda não se compreende muito bem, mas está bem estabelecido que a medida mais eficaz para reduzir os quilos a mais (ou não os ganhar) é seguir uma dieta saudável. Mas o que quer dizer “dieta saudável”? Uma expressão tantas vezes repetida, tão genérica e abstrata.
Um excelente primeiro passo na busca da “dieta saudável” passa por reduzir a quantidade do que comemos, mas sem fazer batota - até a cortar é preciso ter critério. Em caso de dúvida, não devem ser os vegetais ou os alimentos ricos em fibra a sair do prato: o que mais contribui para o excesso de peso são os alimentos com excesso de açúcar e gordura. Por isso, é por aí que se deve começar.
Saber o que se come também é determinante para escolher alimentos mais saudáveis. Devemos criar o hábito de ler os rótulos nutricionais dos alimentos, para identificar o seu conteúdo calórico e ingredientes. Por exemplo, um produto que se autopromove como “light” ou “magro” pode ter pouca gordura, mas ter açúcar em excesso.
A mudança é possível, mas todos sabemos que as grandes mudanças não se fazem de um dia para o outro. O ideal é começar com pequenos passos: aprender a fazer uma nova sobremesa que tenha menos açúcar, deixar de comprar comida processada, fazer mais refeições em casa. Passo a passo, as mudanças devem tornar-se um hábito - uma refeição saudável uma ou duas vezes por mês não faz grande diferença.
Se está a tentar perder peso há muito tempo sem sucesso, não desespere nem procure soluções milagrosas ou alternativas não científicas. Procure a ajuda do seu médico de família, que o poderá recomendar uma consulta especializada de redução de peso.