O rastreio fica para o ano?
SINOPSE
Depois de uma convocatória para fazer o rastreio do HPV vir para trás pela 3ª vez, o Carteiro parte em missão em busca da destinatária. Será que vai conseguir entregar a carta?A implementação do exame de rastreio do cancro do colo do útero tornou-o um dos cancros mais simples de prevenir. Contudo, ainda há mulheres que não o fazem regularmente. Será que é um exame que se pode adiar? Quais as vantagens de o fazer regularmente?
O cancro do colo do útero é causado pelo vírus do papiloma humano (HPV), um vírus que é transmitido sexualmente. A infeção por HPV é muito comum na população sexualmente ativa, e na maioria dos casos desaparece de forma natural ao fim de 2 anos. Porém, quando a infeção perdura, o que é raro, e se a estirpe do HPV for de alto risco, o que é ainda mais raro, pode desenvolver-se um cancro. É neste cenário que o rastreio do cancro do colo do útero é determinante, uma vez que desde a infeção até ao eventual desenvolvimento de um cancro podem passar 15 a 20 anos. Durante este período alargado, o rastreio possibilita a deteção do vírus e/ou de lesões pré-cancerosas, ou mesmo cancros em estados iniciais, mais fáceis de tratar.
No entanto, o colo do útero ainda é o 2º mais mortal entre as mulheres jovens europeias. Para inverter estes dados é crucial que todas as mulheres façam o rastreio com regularidade - as mortes por cancro do colo do útero acontecem maioritariamente em mulheres que nunca fizeram o teste de rastreio.
Durante muitos anos o principal método de rastreio de cancro do colo do útero foi a citologia cervical vaginal, mais conhecida por teste de Papanicolau. Após salvar muitas vidas, o teste de Papanicolau está a ser substituído por outro exame ainda mais preciso: o teste de HPV, que é um exame rápido e indolor que detecta a presença do HPV, em especial as estirpes de alto risco, nas células da região cervico-vaginal.
No caso do exame detectar a presença do HPV não há razão para alarme. A infeção é muito comum nas pessoas sexualmente activas, e um teste positivo não significa que haja um cancro. Nestes casos o médico poderá requerer exames complementares e fazer um acompanhamento mais regular. O rastreio do cancro do colo do útero deve ser feito por todas as mulheres com mais de 25 anos e deve ser repetido a cada 5 anos.
Apesar do rastreio do HPV ser muito eficaz, é fundamental seguir as medidas de proteção:
- tomar a vacina contra o HPV, que faz parte do Programa Nacional de Vacinação e é gratuita para raparigas e rapazes. Quem está fora desta faixa etária pode também fazer a vacina, mas não será gratuita. A vacina previne mais de 90% dos casos de cancro do colo do útero e a maioria dos casos de verrugas genitais.
- reduzir o número de parceiros sexuais, para reduzir o risco de infeção por HPV. O uso do preservativo reduz esse risco, mas não o elimina: a transmissão do HPV dá-se por contacto da pele com pele e/ou mucosas, e ainda que o preservativo reduza a área de contacto, não a elimina. A proteção da transmissão do vírus ronda os 70%.