Atualização: Os dados mais atuais indicam que 13,5% das mortes nos jovens são causadas pelo álcool (e não “um quarto” (25%), como dito no episódio).
Mais um copinho?
SINOPSE
"Beber vinho é dar o pão a 1 milhão de portugueses" é o slogan da nova campanha do Estado Novo. Os movimentos antifascistas não perdem um segundo e lançam uma contra-campanha para alertar os portugueses dos perigos do álcool. Qual das campanhas sairá vencedora?“É só mais um copinho…”, “Prometo que é o último…”, “Isto quase não tem álcool!”. Será que com tantos eufemismos sobre o consumo de álcool, não há motivos de preocupação? Quais os riscos de cada bebida a mais?
É comum destacar certos povos como grandes consumidores de bebidas alcoólicas – os alemães e as suas enormes canecas de cerveja, os russos e os seus incontáveis shots de vodka - mas não é preciso ir tão longe. Portugal é o país do mundo que mais vinho consome por ano (per/capita), e ainda marca presença frequente nos lugares cimeiros dos rankings mundiais de consumo de bebidas alcoólicas.
O problema é que consumo de álcool é responsável por 3,3 milhões de mortes, por ano, em todo o mundo. Além disso, 13,5% das mortes nos jovens é causada pelo álcool. O álcool está identificado como um carcinogéneo humano de Grupo 1 - a categoria máxima atribuída pela Agência Internacional para a Investigação em Cancro (IARC), a instituição de referência nestas avaliações. A evidência científica é inequívoca: o consumo de álcool aumenta o risco de cancro da boca, faringe, esófago, laringe, mama, colorretal e fígado.
“Só mais um copinho”, pode ser um copo a mais, já que não existe nenhum nível seguro de consumo, basta uma bebida para aumentar o risco. Para quem não quer arriscar, o ideal é optar por bebidas sem álcool. E quem acha que as bebidas alcoólicas mais leves não são problemáticas, está enganado. O álcool é todo igual, independentemente de ser consumido numa cerveja ou num copo de vodka. É óbvio que para o mesmo volume de bebida, as quantidades são muito diferentes: beber meio litro de cerveja (5%) não é igual a beber meio litro de uma bebida branca (40%). No primeiro caso ingerem-se 25 ml de álcool puro e no segundo 8 vezes mais (200ml).
Para quem não dispensa um copo ocasionalmente, existem recomendações que determinam as quantidades que não devem ser ultrapassadas: as normas portuguesas e internacionais limitam o consumo diário a 20 ml de álcool puro para homens e 10 ml de álcool para mulheres.
Mas há que ter atenção às contas: não vale beber tudo no mesmo dia, a prática de binge drinking (mais de 5 bebidas de uma vez só) aumenta consideravelmente o risco. Quem bebe deve espaçar o consumo em pelo menos 3 dias diferentes da semana.
Finalmente, há que ter particular atenção que o consumo de álcool representa um perigo adicional para os fumadores. A junção dos 2 comportamentos ultrapassa a soma dos riscos isolados do tabaco e do álcool. Vários estudos comprovam que beber e fumar tem um efeito sinérgico sobre o risco de cancro do fígado, boca e faringe.